Quinta tem Figueirense x Metropolitano e a 1a Divisão alcança um marco
A história do futebol catarinense passa, obrigatoriamente, pelo Campeonato Catarinense. E o Campeonato Catarinense, disputado desde 1924, teve diversas “faces” nestes quase 90 anos. Como “faces”, entenda-se fórmulas de disputa e critérios de participação. Vamos recapitular rapidamente algumas situações.
Fundada em Florianópolis, a atual FCF – Federação Catarinense de Futebol se chamava LSCDT (Liga Santa Catarina de Desportos Terrestres). Vejam bem: Desportos Terrestres. Sim, a entidade não se limitava ao futebol. E a expressão “terrestres” fazia questão de distingui-la da Federação Catarinense de Remo – esporte muito mais popular na época, ao menos em Florianópolis.
Pois bem, fundada em 12.04.1924, no mesmo ano aconteceu o primeiro Campeonato “Estadual” de Futebol. “Estadual” assim mesmo, entre aspas, porque foi disputado apenas por clubes da Capital (únicos fundadores e filiados). O mesmo ocorreu em 1925 e 1926. Apenas em 1927 o “Estadual” virou Estadual (digamos) e passou a contar com clube(s) de fora (o Brasil, de Blumenau, foi vice em 1927 e 1928, derrotado pelo Avaí). A competição era uma espécia de Copa do Mundo/Eurocopa: havia uma fase classificatória regional, onde os vencedores fariam as “finais”. As competições estaduais eram curtas, e quase sempre já no ano seguinte, pois as fases regionais tomavam mais tempo e não havia Estatuto do Torcedor na época.
Passada esta fase pré-histórica do Campeonato, a partir dos anos 50 o Catarinense inchou. A fase estadual ganhou mais participantes (chegou a ter 48! em 1965). O critério de escolha era o mesmo: ‘eliminatórias’ regionais, classificando-se os melhores para o Estadual. Já em meados dos anos 60 a várzea o esquema mudou. O Campeonato Catarinense se ‘desmembrou’ dos Campeonatos Regionais (que eram organizados pelas Ligas).
Neste ritmo o Campeonato Catarinense acontecia em divisão única. Quem quisesse participar da competição, bastaria se filiar à FCF. Por isso, não havia número definido de participantes, pois ano a ano o número mudava. Em razão desta falta de seleção dos clubes aspirantes, ocorriam muitos WO’s. A bagunça continuava era generalizada. Ainda na Idade das Pedras em relação ao futebol dos vizinhos gaúchos e paranaenses, os clubes de Santa Catarina começavam a reivindicar a criação da 1a Divisão (ou da 2a, como queiram).
Desde 1980 a conversa cresceu e o novo formato do Catarinense era adiado ano a ano.
Até que em 1985, com o Delfim de Pádua Peixoto Filho recém assumindo a presidência da FCF, ficou definido no regulamento que os 3 últimos colocados, dos 13 participantes, seriam os primeiros rebaixados da história de SC e seriam os “sócios fundadores” da 2a Divisão de 1986. Ao fim da disputa, Blumenau, Juventus (de Rio do Sul) e Paysandu (de Brusque) foram os rebaixados.
E assim, em 1986 nasceu o Campeonato Catarinense da 1a Divisão. A primeira rodada, disputada em 16 de fevereiro de 1986, teve 4 jogos: Chapecoense 0-0 Avaí; Hercílio Luz 3-0 Próspera; Inter de Lages 3-0 Criciúma; e Marcílio Dias 1-1 Figueirense (Joinville e Ferroviário folgaram). Em agosto, o Criciúma sagrou-se o primeiro campeão catarinense da 1a Divisão.
Pois desde aquele 16.02.1986 até o último domingo, foram disputados 3.995 jogos e assinalados 10.364 gols. Assim, com as 3 partidas de amanhã, chegaremos a 3.998 jogos. Atlético de Ibirama x Joinville, na quinta-feira, será o jogo 3.999. E Figueirense x Metropolitano, também na quinta-feira, mas mais tarde, o jogo 4.000 da história da 1a Divisão catarinense.
Se o Campeonato Catarinense hoje apresenta defeitos, não se questiona a evolução em comparação àqueles anos ‘dourados’, em que se jogava mais por amor (e só o amor poderia explicar a insistência de abnegados no futebol, porque a balbúrdia era violenta).
Hoje temos transmissão do Catarinense ao vivo na televisão, internet cobrindo os jogos on line, celulares trocando informações a todos instante e blogs manifestando opiniões.
O Campeonato Catarinense passou por muita coisa, e a criação da 1a Divisão em 1986, ainda que tardia, foi a melhor coisa que lhe (e nos) aconteceu. Fonte: Mensageiro Alviverde
De torcedor para torcedor!